Entrevistado o pesquisador e historiador Yuval Noah Harari por Roberto Saviano, jornalista e escritor italiano, publicada por Repubblica, 28-07-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Aqui uma pequena parte da entrevista, além da tradução em português, muito interessantes os videos e textos em lingua italiana e inglesa indicados no link deste artigo, publicados no site do jornal Reppublica.
Por que entre todos os continentes foi justamente a Europa que marcou o sinal de uma superioridade militar e tecnológica? No fundo havia também outros impérios – chinês, mongol, indiano, inca … – que não eram menos ricos e vastos que os europeus, mas o colonialismo é uma invenção europeia …
Na verdade essa ideia do colonialismo e do imperialismo não é apenas europeia, a encontramos em quase todas as culturas humanas. É verdade que, na era moderna, a Europa tornou-se o mais importante centro de desenvolvimentos tecnológicos e científicos e também aumentou seu poderio militar e seu domínio político. É um fenômeno novo. A Europa nunca havia desempenhado um papel tão fundamental na história. É o suficiente voltar a antes do século XIV ou XV. Mas então duas revoluções acontecem: aquela científica e aquela capitalista e ambas levam à revolução industrial que dá à Europa o poder de conquistar e dominar o mundo inteiro. Nós não dispomos de uma boa teoria que explique por que a centelha dessas revoluções se acendeu na Europa.
E agora, como está a centralidade europeia?
A Europa não será a potência dominante do próximo século. A era da dominação europeia foi bastante curta na história humana. Durou apenas três ou quatro séculos em comparação com os muitos milênios da história que já se passaram. Os polos mais influentes hoje são os Estados Unidos e a Ásia Oriental. No entanto, mesmo os Estados Unidos são o resultado ou o fruto do imperialismo europeu e até a atual Ásia oriental pode ser considerada uma derivação europeia. As instituições dessas áreas são em grande parte o resultado das ideias e das instituições europeias. Basta pensar na ciência, nos sistemas financeiros e nos sistemas políticos que hoje encontramos na China, Coreia e Japão.
https://rep.repubblica.it/pwa/robinson/2019/07/28/news/non_siamo_piu_homo_sapiens-232224909/